Saúde Mental – O parente pobre

O Serviço Nacional de Saúde é o garante de que ninguém fica de fora, é o garante de que pelo menos na saúde não deixamos ninguém para trás, e isto já acontece na maior parte das especialidades. Há problemas, muitos problemas, problemas até em demasia, mas como seria sem um serviço de saúde público? De outra forma, como seria se o privado não estivesse tão entranhado na saúde?

Se nas outras áreas da saúde os problemas são mais que muitos, no seu parente pobre (saúde mental), ainda nem sequer os problemas começaram a ser equacionados, pois quem sofre, sofre essencialmente em silêncio, e na maioria dos casos elas não matam, mas moem bastante.
É necessário encarar a saúde mental como ela deveria ser encarada há décadas. Parece que o próprio Estado reconhece as questões de saúde mental como casos menores, algo para segundo plano, em que na maior parte das situações, exceto urgências, nem sequer têm acompanhamento no SNS. Assim sendo, para a maioria dos portugueses é um “luxo” recorrer a um/a Psicólogo/a. As consultas são caras e não comparticipadas e o público não dá conta do recado, mas terá que dar.

Por vezes, os problemas de foro mental são bem mais incapacitantes do que os de ordem física, e devem ser encarados dessa forma.

A prevenção não é tudo, mas é uma boa parte, como aliás o é na saúde em geral. Nas escolas, por vezes existe um/a psicólogo/a para milhares de alunos, que serve apenas para preencher a quota dos agrupamentos, pois será humanamente impossível colmatar todas as necessidades. Urge, portanto, contratar profissionais da área da saúde mental, com equipas multidisciplinares (assistentes sociais, terapeutas da fala, psicólogos/as etc), porque sem uma intervenção e prevenção a várias mãos pagamos a fatura anos mais tarde. Essa fatura é financeiramente cara, mas o principal fator não é monetário, é o valor da qualidade de vida ou falta dela.
Segundo dados da OCDE, Portugal é o quinto país da União Europeia com maior prevalência de problemas de saúde mental. De facto, não é de estranhar devido à importância que lhe damos…Enquanto não evoluirmos enquanto sociedade, na forma como olhamos para estes questões continuaremos perto do pódio que não queremos frequentar.

Outros artigos deste autor >

Jóni Ledo, de 32 anos, é natural de Valtorno, concelho de Vila Flor. É licenciado em Psicologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, instituição onde também concluiu o Mestrado em Psicologia da Educação. Frequenta atualmente o 3ºano da Licenciatura em Economia na mesma instituição. Foi Deputado na Assembleia Municipal de Vila Flor pelo BE entre 2009 e 2021. É ativista na Catarse | Movimento Social e cronista no Interior do Avesso. É atualmente dirigente distrital e nacional do Bloco de Esquerda. É atualmente estudante de Doutoramento em Psicologia Clínica e da Saúde na Universidade da Beira Interior.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts
Skip to content