A Rede 8 de Março concretizou, no passado Domingo, a 2ª greve feminista com acções/concentrações em todo o país: “SE AS MULHERES PARAM, O MUNDO PÁRA”.Em Viseu, a Plataforma Já Marchavas dinamizou uma concentração, no Jardim Tomás Ribeiro, com momentos culturais, lanche partilhado e microfone aberto.
Nunca é demais referir que Portugal tem plasmado nas suas leis, direitos iguais para toda a gente mas, será que na prática é mesmo assim?
As mulheres continuam a ter os salários mais baixos (quase menos 15 % do que os homens), a fazer todo o trabalho doméstico, a sofrerem mais violência…e, é mesmo pelas práticas que é obrigatório não baixar os braços por nós e por todas as mulheres no mundo inteiro.
É fundamental que homens e mulheres percebam de uma vez por todas que ser feminista é ser humanista, é lutar por direitos iguais para toda a gente, independentemente da sua origem, etnia, religião, orientação sexual…
Preciso de continuar a acreditar que um dia o mundo olhe para as suas mulheres com respeito, respeito pelas suas fragilidades, feitios, tamanhos, cores, resistências e que os direitos humanos sejam prioridade.
Em jeito de homenagem a todas as mulheres e homens feministas, orgulhosamente reescrevo as palavras da viseense Beatriz Pinheiro (1872-1922), feminista, pedagoga, escritora, pacifista, professora e directora da revista Ave Azul, que lutou pela Identidade de Género e dos Direitos das Mulheres em Portugal:
“…Que a mulher progrida sempre, que por todos os meios justos ao seu alcance faça por se tornar igual ao homem, para d’uma vez para sempre, acabar esta pretendida superioridade do com o macho, e ella deixar em fim de ser a miséria escrava emparedada e manietada, o ser secundário, ínfimo, que ora está sendo…Não fiz feminismo essa coisa terrível que atemoriza ainda muita gente por lhe não conhecer, ou por não querer conhecer bem todo o seu alcance…fiz humanitarismo simplesmente…É nisto – em libertar, em independentar pelo trabalho os milhões de deserdadas a que nenhum homem lealmente ofereça o seu braço para apoio nas luctas da vida – e se resume afinal todo o feminismo bem entendido e sensatamente esclarecido. Uma questão de pão e dignidade: libertá-las da fome e libertá-las da ignomínia…O Feminismo pretende pôr a mulher em condições de viver dignamente na sociedade, por meio do seu trabalho…”
Nascida em Viseu em 1967, é sobejamente conhecida na cidade que a viu crescer, pela dedicação e alegria com que se empenha na sua intensa actividade profissional, cívica, desportiva, associativa, sindical, cultural e política. Professora de Educação Física e Mestre em Atividade Física e Desporto. De 2008 a 2013 foi presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Viseu. Actualmente é dirigente sindical (SPRC Viseu, FENPROF), foi membro da Direcção da FRAP (Federação Regional de Associações de Pais) de Viseu, Membro da Associação de Professores de Educação Física - APEF VISEU. Membro da Comissão Concelhia de Viseu e da Comissão Distrital de Viseu do BE. Esta autora escreve segundo o antigo acordo ortográfico.