Sempre que escrevo um artigo sobre o Dia internacional da Mulher deparo-me com a repetição, com os mesmo assuntos e com um sentimento de que parece que nada mudou ou que piorou.
A verdade é que as grandes questões mantém-se sempre em aberto porque muita gente ainda não trata as mulheres como gente!
Assim, mais uma vez é preciso incentivar/promover a mobilização de pessoas no mundo inteiro neste combate que tem sido tão desigual: a luta contra qualquer tipo de discriminação e violência sobre as mulheres.
A pandemia veio alterar o nosso dia a dia mas, também veio “reforçar” muitos dos problemas que já existiam antes: aumento do número de vítimas de violência doméstica (cerca de 80% são mulheres); a sobrecarga de trabalho devido ao teletrabalho que devido aos papéis de género “atira” para as mulheres todo o trabalho doméstico e o cuidar da família, transformando-as em mulheres com super poderes na gestão de toda a sua vida.
E, até a chamada “linha da frente é composta, na sua maioria, por mulheres auxiliares de saúde (92%), enfermeiras (82%), médicas (55%) e cuidadoras (80%). No entanto, o trabalho das mulheres continua a ser menos reconhecido, comparativamente ao dos homens. Em média, a diferença salarial entre homens e mulheres é de 52 dias de trabalho pago, o que significa que as mulheres trabalham aproximadamente 2 meses de graça. São também as mulheres a maior categoria a ganhar o salário mínimo. Nestes tempos de pandemia, vários dos sectores mais afectados pelas restrições são compostos maioritariamente por mulheres, como o sector das limpezas, os cabeleireiros e as esteticistas (composto em 90% por mulheres), e o atendimento ao balcão e comércio (composto em 64% por mulheres).
Para além desta diferença no emprego formal, as mulheres gastam em média, aproximadamente, mais duas horas diárias do que os homens em tarefas domésticas e do cuidado, um trabalho não remunerado e ainda invisibilizado.”
Em cima de tudo isto, 85% das famílias monoparentais são compostas por mulheres, o que numa altura de confinamento, vem agravar toda a dinâmica doméstica e laboral, obrigando a uma gestão quase impossível entre o tempo dedicado ao apoio às crianças em ensino online e o horário de trabalho (para quem o tem).”
As violências são muitas, complexas e distintas, e os problemas são estruturais.”
Agora só falta mesmo um super poder que acabe com todas as práticas machistas, misóginas e discriminatórias que atentam contra os direitos das Mulheres.
A pandemia não pode condicionar as lutas pelos direitos humanos e, neste caso pelos direitos das mulheres.
A Plataforma Já Marchavas realizou uma ação de protesto no dia 8 de março de 2021, construindo um mural simbólico alusivo ao Dia Internacional da Mulher, no painel de afixação permitida da Rua Dom Alves Martins – junto à PSP de Viseu.
Nascida em Viseu em 1967, é sobejamente conhecida na cidade que a viu crescer, pela dedicação e alegria com que se empenha na sua intensa actividade profissional, cívica, desportiva, associativa, sindical, cultural e política. Professora de Educação Física e Mestre em Atividade Física e Desporto. De 2008 a 2013 foi presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Viseu. Actualmente é dirigente sindical (SPRC Viseu, FENPROF), foi membro da Direcção da FRAP (Federação Regional de Associações de Pais) de Viseu, Membro da Associação de Professores de Educação Física - APEF VISEU. Membro da Comissão Concelhia de Viseu e da Comissão Distrital de Viseu do BE. Esta autora escreve segundo o antigo acordo ortográfico.