As últimas sondagens dão uma maioria absoluta ao PP de Feijoó, mas uma maioria de esquerda tem estado numa rota ascendente, nomeadamente o Bloque Nacionalista Galego.
No próximo domingo, a Galiza vai a votos para definir a próxima presidência da Xunta. Depois de 11 anos de Feijoó e de PP, e 40 anos de governos de direita onde Galiza, pouco a pouco, tem perdido a sua soberania, é a hora da mudança. Uma frente de esquerda pode ser o caminho já que o Bloque Nacionalista Galego (BNG) continua a subir nas sondagens. O sonho é possível.
As últimas sondagens dão uma maioria absoluta ao PP de Feijoó, mas uma maioria de esquerda tem estado numa rota ascendente, nomeadamente o BNG, colocando-se lado a lado com a segunda força, o Partido Socialista da Galiza (PS-G). A composição da Galicia en Comun/En Marea tem perdido eleitorado, mas será uma força importante para uma eventual coligação. A esperança de retirar a maioria absoluta ao PP é o que guiou e está a guiar a campanha das forças partidárias de esquerda.
A mensagem que tem transmitido o BNG e a Ana Pontón, líder do partido e candidata à presidência, é clara, quer fazer história e ser a primeira mulher na presidência da Xunta da Galiza. A ideia passa por fazer uma frente de esquerda e coligar-se com PS-G e com os demais partidos progressistas como Galicia em Comun/En Marea, apoiados pelo Unidas Podemos. O candidato do Galicia en Comun, Antón Gomez-Reino, que é deputado no Congresso espanhol desde 2016, aposta por uma banca pública galega e refere que “seria um grande erro dar esta batalha eleitoral por perdida”. A primeira medida que iria tomar se fosse Presidente da Xunta de Galiza seria evitar o encerramento da unidade industrial de Alcoa.
Neste mandato que finda, o BNG contou com 6 deputados e deputadas no Parlamento da Galiza, depois da crise interna vivida em 2012 com a cisão do partido, nomeadamente a saída de Xosé Manuel Beiras para fundar a Anova, mas agora as sondagens apontam para a duplicação do número de eleitos. Estas eleições eram para ser realizadas em abril, mas devido à covid-19, foram adiadas. Nessa altura, as sondagens davam a perda da maioria absoluta do PP, mas agora o cenário mudou.
O BNG apresenta-se com uma candidatura com princípios e ideias, que tem a Galiza na cabeça e não em Madrid. Galiza precisa de um governo com as mãos livres e insubmisso ao governo central. O BNG tem a força social suficiente para situar a Galiza na vanguarda das economia verde já que é um dos maiores produtores de energia renovável do Estado espanhol, para travar o abandono do mundo rural tal como o demonstram as várias Câmaras que detém pelo interior e acabar com a forte emigração dos jovens.
É importante efetivar a Lei Paz-Andrade, aprovada por unanimidade pelo Parlamento da Galiza, mas que o Partido Popular e Feijoó deixaram-na gaveta. Uma lei que aproxima a língua galega da lusofonia.
As políticas do PP tem destruído a Galiza, mantendo-a numa crise económica e industrial desde há anos, com um retrocesso enorme na influência da língua galega e com a emigração sempre em números altos. É claro que a Galiza não ganhou nada. O PP tem os órgãos de comunicação, nomeadamente a pública CRTVG, ao seu dispor, depois de contínuas nomeações à dedo para administração desta estação. Uma coisa é clara, o monopartido de Feijoó foi completamente inútil para o país.
O cenário é este, metade das galegas e dos galegos querem uma mudança, mas a outra metade não quer. Esperemos que no próximo sábado, 12 de julho, a mudança seja efetiva e que se trabalhe para uma nova Galiza.
Diego Enrique Rodrigues Garcia, nasceu no dia 1 de Agosto de 1992 em Ourense, na Galiza. Desde 2009 que reside continuamente em Portugal, na região da Beira Alta.
Ativista social e independentista galego, está ligado ao movimento associativo na área ambiental, do bem-estar animal e da juventude. Dirigente do Bloco de Esquerda no distrito de Viseu
Atualmente a realizar uma licenciatura em Estudos Europeus na Universidade Aberta.