Eleições autárquicas: quando o património importa

I, Henrique Matos, CC BY-SA 3.0 , via Wikimedia Commons
I, Henrique Matos, CC BY-SA 3.0 <http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/>, via Wikimedia Commons
Chegado o momento das autárquicas 2021, os municípios viram pandemónios e os périplos dos presidentes fazem as notícias dos jornais locais.

A questão do património tem sido um tema bastante trabalhado pelos vários núcleos do Bloco de Esquerda no distrito de Vila Real. O Bloco de Esquerda tem feito várias propostas e denúncias sobre os ataques constantes ao património material e imaterial, muito dele classificado como Património da Humanidade.

O poder local, Presidentes de Câmara e vereadores, tem estado alheado do valor do património, não apenas em termos culturais, mas também em termos económicos. Obviamente que estes presidentes e vereadores estão mais preocupados com a sua própria estratégia do que trabalhar para um bem comum: trabalhar com os cidadãos e para os cidadãos. Certamente ouvirão falar, durante a campanha, de como o património pode ser o motor para o desenvolvimento regional. Ano após ano, a lengalenga é sempre a mesma. Mas a verdade é que o distrito continua a perder população, os nossos jovens fogem para o litoral, o desenvolvimento regional está fechado numa gaveta lá para Lisboa e a hipocrisia dos governantes locais vem à tona. A hegemonia PS e PSD, apoiado pelo CDS, tem tornado Portugal num parque de diversões para turistas, e tem afastado Vila Real do desenvolvimento a que tem direito.

Alguns exemplos disso mesmo são os vários patrimónios existentes sem um plano estratégico ou sem um plano de reabilitação:

  • Em Vila Real: as gravuras rupestres da Mão do Homem, o Santuário de Panóias, Torre de Quintela, os vestígios arqueológicos na cidade, o Barro de Bisalhães (que é, até ver, uma aberração desta vereação estar a deixar morrer uma forma secular de trabalhar o barro), a Panificadora de Vila Real que deu origem a um parque de estacionamento, a Central do Biel, entre tantos.
  • Em Peso da Régua: as termas das Caldas do Moledo, a concessão do rio Douro a uma empresa exploradora e poluente, a Casa do Douro, a estação arqueológica do Alto da Fonte do Milho.
  • Em Chaves: a ponte de Trajano; em Montalegre: o nosso património agrícola mundial;

Estes são alguns exemplos a que estas vereações nos têm presenteado.

Falta-nos uma força motriz que olhe para os problemas do interior, e nomeadamente, para os problemas do nosso distrito. E o Bloco de Esquerda nos seus diversos núcleos concelhios tem trabalhado e apresenta-se a estas eleições autárquicas com projetos sólidos e que torne todos os patrimónios de todas e de todos os portugueses seus!

Temos de deixar de ser o parque de diversões para turistas e temos de apostar num modelo que ajude todas e todos aqueles que moram no distrito de Vila Real a viverem dignamente.

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Linguista, investigador científico, feminista e ativista social.
Nascido em Lisboa, saiu da capital rumo a Terras de Trás-os-Montes e cedo reconheceu o papel que teria de assumir num interior profundamente desigual. É aí que luta ativamente contra as desigualdades sexuais, pelos direitos dos estudantes e dos bolseiros de investigação. Membro da Catarse - Movimento Social, movimento que luta contra qualquer atentado à liberdade/dignidade Humana. Defende a literacia social e política.
(O autor segue as normas ortográficas da Língua Portuguesa)

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