Vila Real pós-25 de abril. Padre Max: “servir o povo e nunca se servir do povo”

O Padre Max era candidato independente pelas listas da União Democrática Popular, que integrou o Bloco de Esquerda, em 1999, pelo círculo eleitoral de Vila Real. A luta do Padre Max não começa na UDP. Miguel Carvalho, na sua obra Quando Portugal Ardeu, reflete bem que a luta do Padre Max começou bem cedo: quando parte da casa dos condes de Almendra, deixa uma inscrição que o norteará até ao fim da sua vida: “Aprendi a servir o povo no nojo da burguesia”.  

A vida do Padre Max era cheia de humanismo. Mas Lurdes também o era. Alfabetizava camponeses, deu rosto à luta estudantil contra o caciquismo reacionário e lutava contra os fascistas e reacionários que pediam o regresso da ditadura. Ambos sonhavam com uma nova sociedade. Uma sociedade igualitária e livre.

O Padre Max fazia vibrar a gente jovem. Gente revolucionária que estava amordaçada pelo clero e por algumas famílias abastadas de Vila Real. Era um espírito inquieto e apaixonado pelos problemas sociais. O Padre Max apelava a todos os cristãos antifascistas que se revoltassem contra a doutrina clerical, que enganavam o povo e defendiam os privilégios de alguns. A morte do Padre Max fez Vila Real vestir-se de luto. Um luto pesado em memória de um homem daquela terra. Com o Padre Max, morreram, também, todos aqueles cristãos que, juntamente com ele, foram crucificados num crime bárbaro. 

O Padre Max representa um testemunho de libertação da chantagem ideológica com que nos amedrontam. Era a voz da libertação de um povo, que continuou amordaçado. O legado do Padre Max ficará gravado na memória de todos. Todos lhe reconhecemos a dedicação a um projeto que traria igualdade para todos. A extrema-direita tirou-lhe essa oportunidade. Mas não vos mataram, apenas vos semearam. E nós somos esse resultado!

Vila Real pós-25 de abril. | Padre Max: a culpa morreu solteira

Outros artigos deste autor >

Linguista, investigador científico, feminista e ativista social.
Nascido em Lisboa, saiu da capital rumo a Terras de Trás-os-Montes e cedo reconheceu o papel que teria de assumir num interior profundamente desigual. É aí que luta ativamente contra as desigualdades sexuais, pelos direitos dos estudantes e dos bolseiros de investigação. Membro da Catarse - Movimento Social, movimento que luta contra qualquer atentado à liberdade/dignidade Humana. Defende a literacia social e política.
(O autor segue as normas ortográficas da Língua Portuguesa)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts
Covid 19
Ler Mais

A Curva Chata

A actual conjuntura sócio-sanitária parece ter arrogado “meio mundo”, se não com os diplomas, pelo menos com a…

Começou a chuva

Foto de Mário Vasa | FacebookBem sei que já passou a época dos fogos florestais e tem chovido…

O Interior

A expressão INTERIOR ao contrário do sentido depreciativo que por norma se lhe atribui, pode ser considerada poética,…
Skip to content