Ao contrário do século passado, as lutas entre o capital industrial e o trabalho já não se travam nas empresas, nas ruas e nos plenários. Atualmente, tais confrontos são feitos na rede. Nos dias que correm lentos, parte grande da propaganda é feita a partir de casa, contra e a favor de uma mão invisível que oprime sociedades e limita pensamentos… como nunca.
São tempos dramáticos, dado toda a gente ter sido apanhada desprevenida! Ninguém imaginava que a economia de mercado se transformaria neste mecanismo que controla tudo e todos; num sistema que domina pelo medo e repressão. Pior: o sistema permite que qualquer pessoa, bem ou mal-intencionada, consiga reproduzir todas as estratégias, inclusive as combinações da nova ordem mundial que já extinguiu espaço democrático e liberdade. Chega um clique! O que agora está a dar os primeiros passos é resultado da falta de prudência e gratidão por parte do capital e da medíocre classe política que nos trouxe até aqui; que permitiu a transferência da tecnologia e do saber fazer para países onde os salários e as condições de trabalho são miseráveis criando a expectativa vã de se ganhar o desnecessário. Outrora, tudo foi alocado! Agora, enquanto tempo, ao passo que o autoritarismo global aumenta e as leis de emergência proliferam, as pessoas (nós todos) são sacrificadas nos seus direitos mais básicos. O capitalismo de vigilância opera através de discordâncias de conhecimento e de poder sem precedentes. Enquanto o seu modo operandi é uma dúvida assente, um palmo e meio de grandes empresas multinacionais controlam mais de sessenta por cento da economia mundial e pouco mais de vinte multimilionários detêm uma riqueza igual a cerca de quatro mil milhões de pessoas pobres. O capitalismo de vigilância é um sistema complexo que opera através de assimetrias sem precedentes, integrando tudo o que supera. O caso recente mais relevante tem como ponto de partida a denúncia feita pelos deputados do Parlamento Europeu, Marisa Matias e José Gusmão, à Provedora da justiça europeia sobre o contrato entre a Comissão Europeia e a BlackRock, um dos maiores investidores do mundo no setor dos combustíveis fosseis (carvão mineral, gás natural, petróleo, etc.): a Comissão Europeia, ao mesmo tempo que idealizou o combate às alterações climáticas, contratou a maior empresa de gestão de ativos e de fundos de investimento do mundo com participações na indústria de combustíveis fósseis. Sem nos apercebermos, a Comissão Europeia contratou o fundo BlackRock Incorporation (um colosso americano, avaliado em cerca de trinta e dois triliões de dólares em ativos, sendo considerado o maior sistema de banca sombra no mundo) para extrair, produzir e usar combustíveis fosseis. Sem a nossa permissão, a alemã Ursula Von der Leven deu carta banca à concentração de poder do mercado. Para além de prejudicar o funcionamento da economia, permitiu o aumento do aquecimento global pela geração de poluição, criando repercussões negativas sobre o ambiente, a sociedade, a economia e a saúde humana.
Nasceu e cresceu em Viseu, no seio de uma família com fortes raízes na cidade. Vive em Lisboa desde 2007 e desenvolve o seu trabalho como empresário em nome individual. É dirigente associativo desde muito novo, estando ligado à política, ao desporto e à economia.