Há mais de quarenta anos que esperamos pelas regiões administrativas; pela regionalização que, entretanto, nunca aconteceu! Festejamos quarenta e quatro anos da primeira constituinte sem que este projeto democrático tenha avançado.
Pressuponho que caso este compromisso tivesse ido para a frente, os políticos de então teriam evitado erros caros, tal como o desordenamento do território e a má distribuição dos fundos europeus, as tantas infraestruturas descabidas assentes no espaço e no tempo e a desertificação do interior; os fogos e outras fatalidades mais. Acredito que se o País tivesse sido regionalizado a seu tempo, com visão e honestidade, aproveitando racionalmente a base monetária entretanto criada, e recebida, viveríamos bem melhor e os muitos políticos “da treta” que por cá passaram não teriam feito parte da nossa história recente. Tenho quase toda a certeza que a regionalização teria aproximado os cidadãos dos centros de decisão (democracia) e aumentado a participação das pessoas (liberdade), fazendo diminuir a corrupção existente permitida pelos “presidencialismos” a que até então fomos sujeitos.
Com a regionalização, o regime democrático (os contribuintes) teria ganho e os lobbies autárquicos teriam perdido no seu todo.
Ao contrário da descentralização em curso, que permite o contínuo esbanjamento de competências para cima de certos “importantes incompetentes” sem qualquer coordenação regional, a regionalização deveria (deverá) incentivar a coordenação regional e a otimização dos recursos disponíveis. Contudo, o que acontece é de bradar aos céus! Por exemplo: o facto de se relacionar a eleição indireta do Presidente da CCDR com a eleição direta do Presidente da Área Metropolitana cria, NO MÍNIMO, fantasmas organizacionais. Se por um lado um é abonado sem grandes responsabilidades (inexistência de lei de finanças regionais) pelos representantes das Câmaras e das Assembleias Municipais (amiguismo), o outro é eleito – pelos mesmos – por sufrágio direto… à partida permite-se a incoerência que tanto jeito dá; até ao espírito mais santo! Concluo esta breve nota, escrevendo: se há urgência em fazer um referendo, que seja sobre a Regionalização.
Nasceu e cresceu em Viseu, no seio de uma família com fortes raízes na cidade. Vive em Lisboa desde 2007 e desenvolve o seu trabalho como empresário em nome individual. É dirigente associativo desde muito novo, estando ligado à política, ao desporto e à economia.