O ato de fecharem tudo, pondo de lado as pessoas, obrigando os poucos habitantes do distrito de Viseu (um território de baixa densidade, completamente despovoado) a permanecer em quarentena por causa do Covid-19 foi, apesar de necessária, uma decisão muito arriscada. Ver o presidente da Câmara Municipal de Viseu congratular-se nas redes sociais por Viseu estar às moscas (mais do que é habitual) foi embaraçoso, pois a única coisa que fez foi regozijar o medo. É verdade que esta “coisa”, chamada Corona, se está a reverter numa calamidade e que todas as doenças e mortes registadas são muito constrangedoras. Porém, não nos podemos esquecer que esta novidade não é mais confrangedora do que aquilo que tem sido regra na nossa região: a falta de oferta de serviços públicos de qualidade e de emprego, o despovoamento e decréscimo populacional que abandona idosos e limita a qualidade de vida das famílias que vivem nos confins da cidade de Viseu. Nos próximos meses iremos perceber que o pacote especial de medidas de apoio a famílias, empresas e instituições no âmbito da crise covid-19, Viseu Ajuda +, não foi suficiente para evitar a falência dos viseenses; de parte do tecido comercial e industrial da nossa região. A economia não devia ter sido obrigada a parar, visto o Estado não ter capacidade para apoiar a maior parte dos cidadãos. Será por causa desta decisão que todas as portas fechadas, adiamentos e prorrogações (do primeiro Pagamento Especial por Conta, do prazo de entrega da declaração Modelo 22, do pagamento do IRC, a isenção de contribuições para a Segurança Social, as linhas de crédito para as micro, pequenas e médias empresas, despedimentos e lay-off, etc.) irão custar muito suor e lágrimas. Segundo o estudo do Economista Eugénio Rosa (www.eugeniorosa.com), «se a uma forte depressão económica atingir o nosso país, se existirem setores que colapsem devido ao prolongamento da crise e do estado de emergência, é previsível que enfrentemos de novo uma situação muito mais grave do que a da crise de 2008 porque está associada a uma pandemia geradora de medo e pânico, sendo por isso os seus efeitos a nível económico provavelmente rápidos e devastadores. E é de prever também que a queda na riqueza criada no país (PIB) possa ser muito mais acentuada e mais rápida do que a verificada na crise de 2008.» A crise financeira do capitalismo trouxe queda da produtividade, desemprego, retração financeira e aumento das dívidas. Tendo em conta esse passado recente e o medo presente; do incerto, da falta de capacidade para agir convenientemente, resta-nos esperar pelo sentido de unidade. De todos! O momento que vivemos, que está a gerar enormes mudanças estruturais na vida das pessoas e das empresas, uma grave consequência psicológica e económica e uma tensão que nunca imaginámos viver, necessita – mais do que nunca – que a esquerda toda continue a batalha contra o neoliberalismo e a corrupção. A luta toda a favor das pessoas e do Estado Social! A favor da injeção de dinheiro na economia real. No mínimo, tanta massa como aquela que caiu no saco roto da banca comercial privada (mais de vinte mil milhões de euros).
Nasceu e cresceu em Viseu, no seio de uma família com fortes raízes na cidade. Vive em Lisboa desde 2007 e desenvolve o seu trabalho como empresário em nome individual. É dirigente associativo desde muito novo, estando ligado à política, ao desporto e à economia.