Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres

O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres surgiu para não esquecer o assassinato das irmãs Mirabal – las Mariposas – vítimas da ditadura de Trujillo (República Dominicana). Foi decretado em 1999 pela ONU.

São as mulheres que representam a larga maioria das vítimas de violência doméstica, sexual e das mortes em contexto de violência na intimidade. Se em 2018 foram mortas 28 mulheres, em 2019 os números não melhoraram. São as mulheres que estão mais sujeitas a violência em contexto de catástrofes e guerra. São as mulheres a moeda de troca, o objeto de recompensa ou vingança.

Somos objetificadas e sexualizadas constantemente por uma sociedade de consumo que nos explora para agradar, entreter e vender, contribuindo para uma ideia massificada de apropriação da mulher e o do seu corpo.

Na escola, as mulheres são constantemente confrontadas com convicções de desvalorização em áreas científicas e de liderança, são mais sujeitas a assédio, e tantas vezes desmotivadas pelas próprias instituições de ensino, principalmente tratando-se de minorias. Precisamos de uma educação que valorize as mulheres, que nos conte também a nossa história, que nos represente, seja promotora do empoderamento feminino e desincentive a masculinidade tóxica. Que ensine a igualdade.

Precisamos de leis que valorizem e protejam as mulheres em risco e, toda a gente que as executa ou julga consciente do seu papel.

Na saúde, continuamos a ver os nossos direitos subjugados a um entender científico que não nos respeita nem no momento em que damos vida à produção e continuamos a pagar para aceder produtos básicos de saúde. É impossível a defesa de uma igualdade entre mulheres e homens, quando é cobrado ao sexo que, devido a ideias preconcebidas, já se encontra tendencialmente em situações financeiras mais vulneráveis, uma taxa sobre o que lhe é intrínseco e natural! 1 em cada 5 mulheres é pobre. 1 em cada 3 trabalha em part-time. Temos mais empregos precários, com baixos salários. Recebemos em média menos 16.7% de rendimento mensal base e a média sobe quando falamos de desigualdades nos prémios e comissões. Alcançamos mais dificilmente cargos de poder, sofremos maior número de assédio moral e sexual no período laboral, somos expostas a maior desemprego, dificuldades de contratação e posições com salários mais baixos, com consequência de pobreza e dependência financeira mais provável.

Somos as que, tendencialmente, cuidamos das pessoas próximas com necessidades de cuidados permanentes, abdicando muitas vezes de um plano pessoal lucrativo por um emprego que ainda não é valorizado como tal. E quando não somos cuidadoras informais, continuamos a trabalhar em tarefas não remuneradas em média mais 1h45m.

Enfrentaremos sempre a violência baseada no género e justificada em crenças machistas e preconceituosas sobre ser mulher e qual o seu papel. Até ao fim do patriarcado!

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A Plataforma Já Marchavas é um movimento de cidadãs/ãos e de colectivos unidos na defesa de direitos Humanos, Ambientais e Animais.
O projecto Já Marchavas nasceu em maio de 2018 em Viseu reunindo sinergias diversas. Ainda em 2018 o projecto Já Marchavas levou mais de mil pessoas a participar na 1a Marcha pelos Diretos LGBTI+ em Viseu, denominada por alguns como a Marcha do Amor. A Plataforma Já Marchavas surgiu no ambiente pós-marcha concretizando a cooperação do projecto inicial e dando-lhe continuidade para outras causas comuns. Em Dezembro a Plataforma passou a integrar a Rede 8 de Março.

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