Se 2020 é recordado por ser o ano da pandemia, do isolamento físico, e da solidão… 2021, conseguiu mostrar conquistas no que toca ao combate ao vírus, mostrando o comprometimento cívico de toda a população portuguesa em rastrear, imunizar e controlar um vírus difícil de definir. Ainda assim, em 2021 continuamos a não estar imunizados contra o vírus mortal a que chamamos fascismo. Esse vírus está ainda por vencer e alastra-se em Portugal e em todo o mundo.
Em 2021, continuámos a ver a falta de comprometimento político com questões sociais e ambientais. Não esquecemos o acentuar das desigualdades socias, da restrição de acessos a direitos universais como a saúde, a habitação, ao trabalho e educação a tantas pessoas que pela sua classe, raça, sexo ou identidade de género tendem a ser marginalizadas pelas estruturas de poder dominante.
Em 2021, assistimos uma vez mais à aplicação de Tratados e Convenções Internacionais como a recente COP26 a falhar em prol do benefício económico e financeiro das grandes multinacionais e potências mundiais.
Em 2021, assistimos a vários casos de agressão, perseguição e assassinato a pessoas LGBTQIA+, demonstrando como a LGBTQIA+fobia continua a manchar a enorme bandeira arco-íris de um sangue que jamais se extinguirá. Presenciamos também o backlash dos direitos de igualdade e de autodeterminação de género em vários países.
Em 2021, as vozes das mulheres continuaram a ser silenciadas, tendo mais de 20 mulheres sido assassinadas em Portugal. A violência é sistémica e constante.
Mas, a necessidade de resistir prevalece e é cada vez maior.
É com o espírito de Abril que continuamos a sair à rua e a construir este movimento de cidadania, defendendo a democracia participativa, resistindo contra as formas de discriminação em função da classe social, da cor da pele, da origem étnica, por questões de género, sexo ou diversidade sexual.
Não esquecemos, nem deixamos esquecer, todas as vítimas de violência doméstica que, ano após ano, continuam a ser silenciosamente assassinadas!
Em 2021, o país voltou a marchar pelos direitos LGBTQIA+. reforçando que não há neutralidade na defesa dos direitos fundamentais.
Em 2021, não toláramos a hipocrisia do capitalismo verde que ignora as transversais consequências da crise climática. Milhares de jovens e estudantes saíram à rua manifestando-se contra o sistema capitalista hegemónico que se alimenta da prospeção de recursos naturais finitos, da situação de pobreza e vulnerabilidade social de milhões de pessoas, da extinção de milhares de espécies animais.
Continuámos a dar voz a todas estas lutas e continuaremos de espírito inquieto. Sabemos que nada está garantido e que, de um momento para o outro, tudo pode desaparecer. Os governos podem aprovar leis em prol dos direitos humanos, mas rapidamente podem revogá-los.
Devemos continuar, hoje e sempre, vigilantes, porque a revolução precisa de ser defendida por cada geração. O fascismo, o machismo, o racismo, o patriarcado, a LGBTQIA+ fobia, o ódio e o medo não passarão!
E por isso, continuaremos a marchar em 2022, em colectivo!
“Quem não aprende com a história está condenado a vê-la repetir-se.”
A Plataforma Já Marchavas é um movimento de cidadãs/ãos e de colectivos unidos na defesa de direitos Humanos, Ambientais e Animais.
O projecto Já Marchavas nasceu em maio de 2018 em Viseu reunindo sinergias diversas. Ainda em 2018 o projecto Já Marchavas levou mais de mil pessoas a participar na 1a Marcha pelos Diretos LGBTI+ em Viseu, denominada por alguns como a Marcha do Amor. A Plataforma Já Marchavas surgiu no ambiente pós-marcha concretizando a cooperação do projecto inicial e dando-lhe continuidade para outras causas comuns. Em Dezembro a Plataforma passou a integrar a Rede 8 de Março.