No ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, reforçamos o compromisso de que não daremos nem um passo atrás! Saímos à rua, sem medo, por todas as companheiras de luta, pelas que já cá não estão e pelas que hão-de vir! Saímos à rua pela liberdade de todas, pois somos Feministas em união contra toda a opressão!
O manifesto pode ser subscrito aqui.
Manifesto 8M: Feministas em união, contra toda a opressão!
As Mulheres são símbolos de resistência, de sobrevivência, de luta e representam o feminismo em que toda a gente deve ser respeitada em igualdade e equidade de direitos.
Chegamos a mais um 8M, um dia que não pode ser esquecido, onde o comprometimento social deve mostrar-se forte e engajado, para pôr fim ao machismo estrutural, criar consciência social sobre a desigualdade e violência de género, mostrando a importância desta data, que é histórica e política.
As mulheres encontram-se inseridas em muitos grupos, podem ser afrodescendentes, indígenas, LGBTQIA+ , de comunidade cigana, do mundo islâmico, do meio urbano ou rural, deficientes físicas, migrantes, refugiadas, dentre outros fatores que revelam muitas vezes a sua vulnerabilidade e demonstram uma maior desigualdade de género enfrentada por elas.
O debate para a interseccionalidade abre uma vertente para serem ponderados os fatores sociais que diferenciam as pessoas. Fatores como raça, classe social, estado civil, localização geográfica, ser mãe ou não ser, ter estudos ou não ter, trabalhar formalmente ou informalmente e quais as razões para estas realidades, orientam a desigualdade de género sofrida por determinadas mulheres.
Percebemos com este conceito de interseccionalidade que os preconceitos são muitos e só contribuem para a desigualdade de género. Estes devem ser combatidos e temos o comprometimento de lutar para que as mulheres sejam ouvidas, levadas a sério e respeitadas como seres humanos.
É importante frisarmos que certas atividades, especialmente as de cuidados domésticos e familiares, continuam a ser reservadas às mulheres, deixando-as muitas vezes numa condição muito precária e sobrecarregada. Os papéis binários de género continuam a impossibilitar uma vida plena e segura a homens e mulheres.
Percebemos que a desigualdade salarial entre homens e mulheres é uma realidade mundial, e mesmo na União Europeia as mulheres encontram-se segregadas nos setores profissionais que oferecem salários mais baixos e maior instabilidade laboral. Infelizmente, este cenário é observado em Portugal e as mulheres acabam por ter sempre menos oportunidades de sucesso laboral que os homens, e isso impacta o seu desenvolvimento profissional e económico, mas também pessoal, uma vez que a mulher vê-se sem garantias e segurança para tomar atitudes devido a sua posição de vulnerabilidade pela condição do género.
A desigualdade de género também é percebida quando as mulheres não conseguem chegar a cargos de chefia, pois a maioria são ocupados por homens.
Nós somos as principais vítimas de assédio sexual, de assédio moral, de assédio laboral, estamos mais sujeitas a sofrer violência doméstica, seja ela física, psicológica e até mesmo a cyber violência.
O motivo pelo qual as mulheres têm medo e não denunciam essas agressões é a desigualdade de género. A violência com base no género só existe porque existe desigualdade de género. Esta é a raiz de todos os males sofridos pelas mulheres, a começar pela exclusão social e de direitos que as mulheres sofrem pelo facto de serem identificadas com o sexo feminino, uma identificação que tem por base a ditadura patriarcal heterocentrada.
O papel político que uma pessoa do gênero feminino desempenha, bem como a sua representatividade são imensos. “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, diria Simone de Beauvoir. A construção da identidade feminina é uma força que vem sustentando o mundo e que não é reconhecida.
Não podemos deixar de citar a pobreza menstrual como mais um problema da desigualdade de género. A nossa dúvida é: se os homens fossem pessoas que menstruassem, a pobreza menstrual seria uma realidade tão grande e cruel como é?
Lutamos por isso por políticas que combatam a pobreza e violência obstétrica, que combatam a mutilação genital feminina, que continua a ser um flagelo que assomba meninas e mulheres, e que se materializa em reais condições para a interrupção voluntária da gravidez.
Reivindicamos a autodeterminação dos nossos corpos, da nossa saúde física e mental, da exploração da nossa força de trabalho, contra a opressão que nos é imposta.
O nosso manifesto clama pela vida das mulheres, que têm a sua existência precarizada pelo machismo e pela misoginia, que se justificam pela ideia de supremacia masculina sobre a feminina.
Dizemos não ao machismo, à misoginia, ao racismo, ao fascismo. Clamamos pelos nossos direitos sociais, económicos, pelos nossos direitos sexuais e reprodutivos, incluídos o acesso aos métodos contraceptivos e ao aborto legal, pelos nossos direitos laborais, pelos nossos direitos políticos, por água potável, por justiça ambiental, pelo respeito ao nosso “lugar de fala”: Sim, as mulheres podem. Sim, as meninas podem. Sim, as mulheres cis e trans podem.
“Sejamos todos feministas”, como escreveu a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Que a sororidade possa nos guiar na luta pelos nossos direitos.
Que os 50 anos do 25 de abril nos mostrem que a democracia só é possível quando homens e mulheres possuem igualdade de direitos, com atenção especial às peculiaridades que os possam diferenciar.
Viva o 8M!
A revolução será feminista ou não será!
A Plataforma Já Marchavas é um movimento de cidadãs/ãos e de colectivos unidos na defesa de direitos Humanos, Ambientais e Animais.
O projecto Já Marchavas nasceu em maio de 2018 em Viseu reunindo sinergias diversas. Ainda em 2018 o projecto Já Marchavas levou mais de mil pessoas a participar na 1a Marcha pelos Diretos LGBTI+ em Viseu, denominada por alguns como a Marcha do Amor. A Plataforma Já Marchavas surgiu no ambiente pós-marcha concretizando a cooperação do projecto inicial e dando-lhe continuidade para outras causas comuns. Em Dezembro a Plataforma passou a integrar a Rede 8 de Março.