A questão é a de procurarmos saber se a revolução termina porque não há mais força e/ou potência para a continuar ou se, pelo contrário, há um conjunto particular de forças que provoca o seu término. E, claro, quem termina a revolução é sempre a classe que vence, que determina o futuro pós-revolucionário. Quem decide — se alguém decide — onde, como e quando termina a revolução?
E ainda ontem, nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril, alguém, em cima do palco, como que decretava o fim das festividades como se as chaves do princípio e do fim da mesmas pudessem estar seguras nas suas mãos… Mas os processos revolucionários, do povo em festa e sangue nas ruas, é o total oposto da previsibilidade de que as instituições tanto dependem e zelam. Em si mesmos os processos revolucionários expressam uma temporalidade própria que mais do que se alimentarem da suspensão do calendário oficial são como que o reflexo histórico da “eternidade em movimento” ou, dito de outra maneira, representam uma dilatação da temporalidade que desfaz a compartimentação entre passado, presente e futuro.
A partir do momento em que se dá o processo revolucionário passa a ser impossível determinar como vai culminar. E essa indeterminação expressa toda a força da revolução; das energias e desejos que esta liberta, as quais e os quais são aparentemente infindáveis. A compulsão para “determinar o curso dos acontecimentos” está sempre presente tanto à direita como à esquerda, mas a revolução deve, deveria, ser sempre outra coisa.
Nasce em 1986 e habita nesse território geográfico e imaginário que é o Interior. Cresce em Viseu e faz a sua formação universitária na Covilhã, cresce tendo a Serra da Estrela como pano de fundo. As suas áreas de interesse académico são a filosofia, a política e a literatura. Actualmente está a terminar um doutoramento em filosofia.