O dia em que tudo convergiu para que desfrutássemos ao máximo da riqueza natural, paisagística e humana da ZPE Rios Sabor e Maçãs

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar
Há dias únicos em que tudo se conjuga numa fusão de experiências e partilhas que ficarão na memória. A última atividade do Ciclo À Descoberta do Nordeste Transmontano promovido pela Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural realizou-se no dia 2 de novembro, em território da Zona de Proteção Especial (ZPE) Rios Sabor e Maçãs, área da Rede Natura 2000, em Junqueira (Vimioso).

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar

Neste dia, tudo convergiu para que desfrutássemos ao máximo da riqueza natural, paisagística e humana da região. Até a chuva deu tréguas e o vento soprou fraco, como se a própria Natureza estivesse também ela de braços abertos para nos receber numa atmosfera acolhedora…

Com ponto de encontro marcado no centro de Junqueira, onde fomos carinhosamente recebidos pela população local, e de onde partimos para desbravar o território, a caminhada começou ao ritmo dos carinhosos e simpáticos Burros de Miranda, Atenor e Lourenço, nossos astutos companheiros de viagem, e seguiu pelas sendas, montes e vales adentro…


Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar
Durante a caminhada, que contou com a participação de 28 pessoas, entre as quais três belgas, explorámos o território, com um horizonte sem fim e onde as fragas se impõem a compor a geometria singular da região; desvendámos a paisagem pintada pelo mosaico agro-silvo-pastoril e serpenteada pelos rios Maçãs e Sabor; observámos a fauna e a flora locais, ouvimos inúmeras histórias contadas pelo sr. Fernando, caminhámos juntamente com um rebando composto sobretudo por cabras da raça serrana autóctone, do pastor António, a quem nos juntámos, e ainda apanhámos azedas e cogumelos.

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar

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O ponto onde o rio Maçãs se une ao rio Sabor, num balanço de águas tangidas pelo vento e ladeadas por pedras de texturas e formas infinitas, foi o local escolhido para o nosso repasto e descanso.

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar
À tarde, continuámos a subir e a descer montes e vales, ora a um ritmo mais lento, ora mais rápido, mas sempre a respirar um ar de uma pureza única, com aromas de terra fresca, frutos silvestres e pedra molhada…

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar
No total, registámos 44 espécies de aves, entre as quais se destacam: águia-real (Aquila chrysaetos), grifo (Gyps fulvus), milhafre-real (Milvus milvus), águia-perdigueira (Aquila fasciata), gavião (Accipiter nisus), melro-azul (Monticola solitarius), ferreirinha (Prunella modularis), bico-grossudo (Coccothraustes coccothraustes) e lugre (Spinus spinus). Poderá ver a lista completa de aves observadas em ebird.org/checklist/S61114553.

Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar

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Os mamíferos silvestres identificados através de indícios de presença foram: raposa (Vulpes vulpes), fuinha (Martes foina), corço (Capreolus capreolus) e javali (Sus scrofa).

Também observámos duas espécies de répteis: cobra-de-água-de-colar (Natrix astreptophora) e cobra-de-escada (Rhinechis scalaris).

No final da tarde, comemos deliciosas castanhas, pão com febra e vinho, ao som da gaita de foles, num momento de convívio muito especial proporcionado pela Junta de Freguesia de Matela, em que todos se reuniram no centro da aldeia de Junqueira para fazer aquilo que melhor define a natureza humana: estarmos juntos, comunicarmos, partilharmos experiências… foi um dia pleno!

Esta atividade foi realizada em parceira com a AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino e contou com o apoio da Junta de Freguesia de Matela e do Município de Vimioso.

Nesta atividade, os guias da Palombar foram Luís Queirós, Luís Ribeiro e João Santos e da AEPGA Emanuel Catarino. Os guia locais foram o sr. Fernando, o sr. Ramiro e o sr. Durvalino (Junta de Freguesia de Matela).

Fazemos um agradecimento especial ao sr. Mário Ramos, representante da rede Junqueira Atalaia, pelo seu envolvimento e interesse demonstrado no trabalho que a Palombar desenvolve.


Foto de Gaëlle Carvalho | Palombar

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A Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2000, que tem como missão conservar a biodiversidade, os ecossistemas selvagens, florestais e agrícolas e preservar o património rural edificado, bem como as técnicas tradicionais de construção. A associação, que atua orientada por uma abordagem pedagógica e de cooperação, promove também a investigação científica nas áreas da Ecologia, Biologia da Conservação e Gestão de Ecossistemas, a educação ambiental, o desenvolvimento das comunidades e a dinamização do mundo rural.

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