Os diversos desenhos levam-nos a ver esta espécie com outros olhos e a encará-la frente a frente para a (re)descobrirmos. A mostra, no seu conjunto, é uma reconstrução e, ao mesmo tempo, uma desconstrução da imagem que temos do lobo. É um apontar o dedo à espécie, mas também a nós próprios, para, no fim, ficarmos a conhecê-la melhor e a aceitar a sua presença e reconhecer a sua importância.
Todos os desenhos que compõem a exposição “Apontar o dedo ao lobo” foram criados recentemente pelos dois artistas e marcam o início de um projeto de desenho a quatro mãos que pretende demonstrar as várias fases de vida do lobo-ibérico.

Em declarações à Lusa, a vereadora da Cultura do Município de Vimioso, Carina Lopes, explicou que “a mostra (…) foi concebida propositadamente para este município e pretende realçar e reconhecer a presença do lobo [ibérico] nesta região transmontana, e dar a conhecer esta espécie”.
O lobo é uma espécie ameaçada e legalmente protegida em Portugal. A região de Trás-os-Montes é um dos redutos fundamentais para a espécie no território nacional. A Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural tem desenvolvido, ao longo dos anos, vários projetos e ações que beneficiam o lobo-ibérico (Canis lupus signatus) e promovem a sua conservação. É também a entidade responsável pelo ‘Lote 3 – Nordeste’ do Censo Nacional do Lobo-ibérico 2019-2021, coordenado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A Palombar considera que esta exposição aberta à comunidade é muito enriquecedora e importante por criar um espaço de reflexão, aproximação e maior conhecimento sobre o lobo, uma espécie muitas vezes incompreendida e com pouca aceitação social. Conhecer melhor a espécie pelas mãos da arte e da cultura é, com certeza, uma via transformadora e mobilizadora para assegurar a sua conservação.
A Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2000, que tem como missão conservar a biodiversidade, os ecossistemas selvagens, florestais e agrícolas e preservar o património rural edificado, bem como as técnicas tradicionais de construção. A associação, que atua orientada por uma abordagem pedagógica e de cooperação, promove também a investigação científica nas áreas da Ecologia, Biologia da Conservação e Gestão de Ecossistemas, a educação ambiental, o desenvolvimento das comunidades e a dinamização do mundo rural.